O Complexo de Doenças Infectocontagiosas Dr. Clementino Fraga, referência no atendimento a pessoas que convivem com HIV e outras infecções transmissíveis, realizará uma série de atividades alusivas ao Dezembro Vermelho, com destaque para o “Simpósio Vermelho: Entre o risco e o cuidado: atualizações ao redor do HIV/Aids”, que ocorrerá no dia 11 de dezembro, na própria unidade. O evento será voltado para profissionais de saúde da rede pública e privada, reunindo especialistas para discutir temas como ética, sigilo profissional, PrEP, espiritualidade, avanços no tratamento e vulnerabilidades.
Além do seminário, o Clementino Fraga também promoverá ações educativas e de mobilização durante todo o mês. No dia 1º de dezembro, usuários e visitantes receberão preservativos, materiais informativos e laços vermelhos, entregues pelos personagens que representam o preservativo interno e o externo. No dia 3, haverá intervenções nas ilhas de atendimento, com orientações sobre prevenção e uma apresentação musical aberta aos usuários.
O Clementino Itinerante estará na Praça Rio Branco no dia 6 de dezembro, a partir das 9h, com distribuição de preservativos e material educativo, além da oferta de testagem rápida para HIV, hepatites virais e sífilis. O resultado fica pronto em cerca de 20 minutos.
O Complexo atualmente tem 8.021 usuários cadastrados para receberem a medicação antirretroviral (para HIV/Aids). Em outubro de 2024, eram 7.510. Uma dessas pessoas é Maria (nome fictício), 46 anos, paciente há 24 anos, que relembra o impacto do diagnóstico e o caminho para o autocuidado. “Meu chão caiu, fiquei desesperada. A gente não espera nunca uma notícia dessas. Mas depois eu resolvi viver e me amar em primeiro lugar”, afirmou.
A infectologista Adriana Cavalcanti, diretora clínica do complexo, reforça a importância da informação correta. “HIV é a infecção e Aids é a doença. A pessoa pode viver com HIV sem desenvolver a Aids. É importante dizer que quando a pessoa faz o tratamento corretamente, tem uma vida normal. No entanto, o melhor é fazer a prevenção, pois o tratamento terá que ser feito para o resto da vida”, explicou.
Ela também destacou a assistência integral oferecida pelo hospital. “Temos, no mesmo lugar, dispensação de medicamentos, atendimento ambulatorial, internação e exames. Contamos com uma equipe multiprofissional, com diversas especialidades médicas e também profissionais como odontólogo, fisioterapeuta, enfermeiro, nutricionista, assistente social e fonoaudiólogo.”
Em 2025, o Clementino Fraga registrou 503 novos casos de HIV entre usuários atendidos na unidade. Pessoas de 35 a 49 anos representam a maior parte dos novos registros, e 76% dos usuários são do sexo masculino. Nos últimos 12 anos, foram contabilizados 731 óbitos relacionados à doença, sendo 31 somente em 2025.
Prevenção – Ao longo de 2025, foram realizados 8.650 testes rápidos para HIV no complexo, com positividade de 8,08%. As estratégias de prevenção seguem como principal ferramenta para controle da infecção. Os preservativos continuam sendo o “padrão-ouro”, prevenindo não apenas o HIV, mas outras Infecções Sexualmente Transmissíveis.
O serviço também oferta PEP e PrEP, que são medidas fundamentais na prevenção combinada. A PEP, Profilaxia Pós-Exposição, deve ser iniciada em até 72 horas após a situação de risco e é disponibilizada 24 horas por dia no hospital. Este ano, 1.848 usuários fizeram uso da PEP.
Já a PrEP, Profilaxia Pré-Exposição, é indicada para pessoas que têm maior risco de exposição frequente. Em 2025, até outubro, 1.433 usuários utilizaram a estratégia, que requer consulta prévia e acompanhamento regular.






