O surgimento e a consolidação da ditadura civil-militar no Brasil e o longo processo de democratização do país, mostrando avanços e recuos, são a linha central do livro ‘Memória e verdade sobre a ditadura: raspando as cores para o mofo aparecer’, da historiadora, pesquisadora e professora Lúcia de Fátima Guerra Ferreira, a ser lançado nesta terça-feira (30), às 16h30, no hall do Anexo I, da Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada na Avenida Cabo Branco, 3336, na orla da capital paraibana.
A obra, com 343 páginas e publicada pela Editora do Centro de Comunicação, Turismo e Artes da Universidade Federal da Paraíba (CCTA/UFPB), reúne textos de Lúcia Guerra publicados em várias revistas e livros. Além de professora titular aposentada da UFPB, a autora exerce o cargo de gerente executiva de Documentação e Arquivo da FCJA, integra a Comissão de Instalação do Memorial da Democracia da Paraíba e coordena o Projeto Preservação da Memória e Difusão Educativa, Cultural e Científica do Acervo da Fundação Casa de José Américo.
“No lançamento, faremos uma homenagem ao meu pai, Afrânio Montenegro Guerra, que completaria 100 anos neste mês de dezembro”, adianta Lúcia Guerra, informando que a publicação do livro também marca seus 70 anos. Com apresentação do professor Carmélio Reynaldo Ferreira (marido da autora) e prefácio assinado por Maria de Nazaré Tavares Zenaide, o livro ‘Memória e verdade sobre a ditadura’ traz os textos do professor de Filosofia Giuseppe Tosi na contracapa e do jornalista Fernando Moura, presidente da FCJA, na orelha da publicação.
A coletânea de textos da obra, ressalta Giuseppe Tosi, foi escrita em sua maior parte em colaboração com colegas e estudantes. Os escritos se dedicam a analisar em profundidade vários aspectos das ditaduras militares na América Latina, no Brasil e, sobretudo, na Paraíba. “Todos os ensaios procuram responder a uma questão central: quais foram as forças econômicas e políticas internas e internacionais que promoveram o regime de exceção no Brasil, com o seu rasto de violência, de mortes, de destruição?”, aponta Giuseppe Tosi em seu texto. “E por que, apesar das lutas de resistência, o fantasma do golpe e do autoritarismo continua assombrando a frágil democracia brasileira?”.
O livro é dividido em três partes: ‘Direitos humanos e a política de memória’; ‘Memória e verdade sobre a ditadura na Paraíba’; e ‘Contribuição da Fundação Basso na luta por memória no Brasil’. “Lúcia Guerra não deixa a história em paz. Mulher de luta, inquieta e energizada, chega aos 70 anos com a voracidade de quem está começando uma trajetória brilhante, não satisfeita com as décadas dedicadas ao magistério e à pesquisa, varando o tempo à cata de verdades e reparações”, ressalta Fernando Moura na orelha do livro.
“Em seu campo de trabalho”, continua Moura, “nada é definitivo, acabado, concluído. A história é assim: incompleta, fragmentada, tendenciosa. Daí o papel crucial de historiadoras como a autora/organizadora deste libelo à democracia, debulhando camadas de esquecimento em torno de temas ‘incômodos’ como ditaduras, rupturas civis e violações aos direitos humanos, no Brasil, na América Latina e em outras partes do planeta”.
Lúcia de Fátima Guerra Ferreira nasceu em João Pessoa, em 2 de dezembro de 1955. Com formação acadêmica em História, sendo a graduação na Universidade Federal da Paraíba, mestrado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutorado na Universidade de São Paulo (USP).
A professora está na Fundação Casa de José Américo desde janeiro de 2018, como diretora do Departamento de Documentação e Arquivo e, a partir de 2019, gerente executiva de Documentação e Arquivo. Ela foi professora da Secretaria Estadual da Educação de 1976 a 1985, nas Escolas Presidente Médici (ensino fundamental) e Professora Úrsula Lianza (ensino médio). Ainda no magistério; professora concursada para o Curso de História na UFPB, campus de Campina Grande (1985/1987) e campus de João Pessoa (1987/2017) – coordenadora dos Núcleos de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR) e de Cidadania e Direitos Humanos (NCDH).
Presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos da UFPB, Lúcia Guerra foi coordenadora dos Cursos de Especialização em Organização de Arquivos e em Educação em Direitos Humanos; coordenadora dos projetos de organização dos arquivos da Arquidiocese da Paraíba e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP); e pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, sendo presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Ela também atuou na Comissão Estadual da Verdade e da Preservação da Memória do Estado da Paraíba e atua no Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça.
Filha do casal Afrânio Montenegro Guerra e Dalva Albuquerque Guerra, Lúcia Guerra é professora titular aposentada do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba. É autora dos livros ‘Raízes da Indústria da Seca: o caso da Paraíba’ (1993), ‘Igreja e Romanização: a implantação da Diocese da Paraíba’ (2015); e coautora do livro ‘Direito à memória e à verdade: saberes e práticas docentes’ (2016).
Lúcia Guerra ainda é coorganizadora de 27 livros, dentre os quais ‘Justiça de Transição: direito à justiça, à memória e à verdade’ (2014), ‘Educação em Direitos Humanos & Educação para os Direitos Humanos’ (2014), ‘Diversidades e cidadania: a educação em direitos humanos na escola’ (2018), ‘40 anos da Anistia no Brasil’ (2021) e ‘A Paraíba e Seus Problemas Cem Anos Depois’ (2023).




