Jovens de residenciais participam do ‘CineAfro’ e debatem sobre questões étnico-raciais

Jovens de residenciais participam do ‘CineAfro’ e debatem sobre questões étnico-raciais

Um grupo de jovens moradores dos Residenciais Vista Alegre, no Colinas do Sul, e Vista do Verde, no Bairro das Indústrias, participaram, na tarde desta quinta-feira (30), de uma sessão do ‘CineAfro: memória, ancestralidade e conhecimento’. A exibição foi no auditório da Escola Municipal Aruanda, no bairro dos Bancários, e teve a presença de mais de 100 jovens, que participaram de um debate sobre negritude, racismo e o preconceito em torno dos brasileiros afrodescendentes.  

A iniciativa, que faz parte das comemorações ao Mês da Consciência Negra, foi uma ação conjunta das Secretarias de Habitação (Semhab) e de Educação e Cultura (Sedec). O programa CineAfro tem como objetivo fomentar o debate em torno das questões étnico-raciais. “No Brasil, a discriminação e o racismo existem e esse é um assunto que merece ser debatido, principalmente com uma comunidade que é formada em parte por pessoas negras ou pardas, que muitas vezes não tem uma compreensão dessa questão. Fomentar o debate com os jovens é despertar neles o interesse por um tema que pode estar ligado a realidade em que eles vivem”, observou a secretária municipal de Habitação, Socorro Gadelha.  

Ela aproveitou para agradecer a parceria com a direção da Escola Municipal Deputada Lúcia Braga, que liberou os alunos para participarem dessa atividade extraclasse e também agradeceu a direção da Escola Municipal Aruanda, que cedeu o auditório para o debate. “Nós precisamos acabar com o racismo oculto que existe no Brasil e também precisamos mostrar que os afrodescendentes são pessoas que têm como origem um povo que foi escravizado. Portanto, nós temos a obrigação de reparar esse erro histórico”, comentou Gadelha.  

O professor Lucian Souza da Silva, que é o chefe do Setor de Direitos Humanos da Secretaria de Educação e Cultura, explicou que o CineAfro  tem como meta resgatar a memória e a ancestralidade dos africanos que foram escravizados e trazidos para o Brasil, despertando o debate sobre questões étnico-raciais com os estudantes da Rede Municipal de ensino. Ele contou que, durante a sessão, são exibidos quatro filmes curta metragem (produção nacional) abordando o tema: ‘Vista minha pele, Preto no Branco’ e um curta produzido pelos alunos da Escola Municipal Santos Coelho Neto, do bairro da Penha, em João Pessoa, além de uma produção estrangeira.  

O professor contou que depois de assistir aos filmes os jovens participam de um debate e a intenção é formar nos jovens uma consciência sobre a situação dos afrodescendentes brasileiros, uma vez que ainda existe uma resistência por parte de algumas comunidades negras no combate ao racismo e à discriminação. Ele disse que o tema negritude já vem sendo debatido nas escolas e, por isso, os jovens já estão começando a ter uma nova consciência sobre o que aconteceu com homens e mulheres que nasceram livres, mas foram sequestrados em seus países de origem e depois escravizados.  

Todo o trabalho é acompanhado pela Equipe Técnica e Social da Semhab e, de acordo com a assistente social e terapeuta holística, Cláudia Gouveia, esse é um tema atual e que era preciso levar para os moradores dos residenciais. “É preciso entender que esses jovens em sua maioria são pretos, pardos e mulatos e muitas vezes eles não têm elementos para entender o racismo e o que nós queremos despertar neles é o empoderamento, porque muitos desses jovens não se reconhecem como negros e se identificam como pardos ou morenos e não assumem a negritude por vergonha, porque geralmente os negros pertencem as classes sociais mais humildes e essa é uma realidade que precisamos mudar”, comentou Cláudia Gouveia.

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